15 de fevereiro de 2024
- natrilhadabiodiver
- 29 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
Flores, frutos, sementes... e algumas folhas (ou, brecha nas "férias")
Quantas vezes por dia vocês têm vontade de abraçar um hipopótamo anão da Libéria?
Esses dias eu terminei a leitura de Festa no Covil, só pra perceber o que eu já sabia: tem desejos que escapam da explicação da nossa racionalidade de pessoa adulta. Ou, melhor, existem racionalidades não-adultas que podem governar os nossos desejos — mesmo que sejamos adultos.
É, há umas tantas sextas-feiras estivemos juntas (online) no que foi o último encontro dos projetos de extensão de 2023. Estivemos presentes Fabiana, Tati, Laís, Ariana e eu. Lorraine e Isabella mandaram suas contribuições por escrito. E vou tentar contar o que senti-pensamos, eu estava devendo isso. Hoje, enquanto estávamos finalizando o relatório do PAEx, me lembrei.
Em dado momento daquela tarde, Laís falou assim: “eles trouxeram flores, frutos, sementes... e algumas folhas”. Vamos a isso então.
Parte 1: flores
A última trilha do ano foi durante a semana acadêmica de Pedagogia. Quem esteve, avaliou como “muito boa”; quem não esteve, como “queria ter ido”.
Em umas mensagens anteriores tem o roteiro que elaboramos pra essa Trilha. Num momento, as participantes deveriam escolher algum lugar para pensar com/a partir das plantas. O local escolhido foi atrás do Bloco 08. Lá, trouxeram como sensação um cheiro forte de mato e clima fresco. (Estava sol no dia?).
Ao longo da Trilha, histórias antigas da UEMG também apareceram, se misturaram com as novas e se perderam entre memórias e falas.
Divididas em grupos, percorreram a uemg coletando material botânico. “Muitas sementes, frutos e flores”, foi o que disseram. E daí chegaram ao laboratório, que ficou (pelo tempo) numa dinâmica mais rápida e direta. (Será que devemos pensar em momentos mais extensos pra esses espaços?).
Sentimentos foram expressados durante a Trilha. O que me faz lembrar daquilo que escrevi e que falamos por um tempo: sentir-pensar e as possibilidades de fazer isso ser legitimado na Universidade.
No final, foi ouvido um “quero me movimentar, quero uma coisa que vai me fazer pensar”. E que bom: !quereres!.
Parte 2: frutos
Foi um ano diferenciado. Falamos disso também.
Laís tem visto cada vez mais sentido em compor BIONAS e Trilha. Pela memória, pela criatividade e pela sensibilidade. Se sentida-pensada como metodologia de um possível, a trilha pode ser experimentada, testada, cutucada.
Tati contou desse experienciar lugares mais lúdicos de aprender-ensinar. E ainda como que isso dispara outras formas de se relacionar com a biodiversidade.
Fabiana sente as BIONAS, alguma coisa de diferente. Não sabe o que é. E desde aquela primeira trilha que deixou um sentimento de “ai meu deus, o que eu tô fazendo?”, ela tem tentado descobrir.
Ariana movimenta trilha e bionas como eixo de inspiração; projetos que estão abertos à imaginação.
E eu sou só alegria e agradecimento por essa aventura tremenda.
No final ouvimos um “você animou a minha tarde”.
Parte 3: sementes
Que é que a gente senti-pensa para um futuro? E agora, o que cê faz com isso?
Tati estava sentindo como ia se mover em direção à extensão.
Laís estava com quintais na cabeça.
Eu tenho entendido a Trilha como um lugar que quero estar. Costumo brincar que a BR-040 é quase minha casa, então é esperado eu me sentir bem num projeto que se propõe caminho. Continuarei daqui.
No final dessa pauta, foi escutado um “nós estamos perdidos ano que vem”.
E tenho achado que podemos começar daí: onde nós temos nos perdido? Que rastros vamos deixando pra mapear esse espaço e construir uma trilha?
Parte 4: algumas folhas
Publicação. Precisamos contar disso tudo pro mundo.
!Sério!
Parte 5: hipopótamo anão da Libéria
O Tochtli conta que: “Quando me acalmei, senti uma coisa muito estranha no peito. Era quente e não doía, mas me fazia pensar que eu era a pessoa mais patética do universo”. No Festa no Covil, o Tochtli é uma criança e aparentemente o tema central do seu relato é a jornada para conseguir um hipopótamo anão da Libéria. Para nós que lemos, identificamos violência, poder e inocência.
Enquanto a gente construía o relatório final do PAEx (hoje), eu fui me dando conta que o ano de Trilhas pode ter sido sobre muitas coisas, sempre é. Vai depender de quem olha, conta e lê. Às vezes correria, às vezes desespero, às vezes distribuir lanche para crianças correndo.
Como escreve o Tochtli: “no fim das contas, nenhuma história se resume apenas àquilo que pretende contar”.
(E que bonito isso).
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